quarta-feira, janeiro 9

Calos e amigos

"Calos"
Calo é um escudo que nossa pele forma contra agressões externas. É uma resposta da pele a um traumatismo constante. Ela engrossa para se tornar mais resistente. Lixar o calo vai apenas desbastá-lo, afinando a pele, no entanto, o calo voltará a crescer se a sua causa não for eliminada. Nós formamos calos para nos proteger de traumatismos que a vida nos impõe. Não aquela agressão furtuíta ou esporádica como um furo na carne ou um corte na pele.Mas aqueles machucados repetitivos. O sapato que aperta em uma longa caminhada, a luva que proteje e machuca ao mesmo tempo.Enfim é uma proteção que nós formamos para não nos machucarmos mais ou se voltarmos a nos ferir, não sentirmos tanto, graças a esta couraça natural.Nesta vida vamos nos protegendo e formando escudos contra tudo e contra todos.Revestimos nosso coração para nos proteger de amores que nos feriram. Encapsulamos nossa alma para livra-la de decepções da fé.Depois de tantas emoções e sofrimentos ficamos como uma tartaruga, toda protegida dentro de sua casca, mas sem abertura para um toque de pele ou uma mordida de paixão.

Para não ficar postando varias vezes eu vou por dois textos em um só... mas os dois não tem nada a ver... aqui começa o "Amigos"

Escolho meus amigos não pela pele, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito, nem os maus de hábitos, fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Quero que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só ombro ou colo, quero sua maior alegria, amigo que não ri junto não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis nem choros piedosos. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca tenham pressa.
(Oscar Wilde)

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